segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

A cobertura televisiva na tragédia em Santa Maria

27 de janeiro de 2013 foi um dia atípico para o Brasil. O país tropical abençoado por Deus viveu uma das maiores tragédias de sua história. O mundo também ficou perplexo diante de um piores incêndios de todos os tempos. Em pleno domingo, a mídia se esforçou em todas as suas plataformas para transmitir informações sobre a catástrofe que deixou 231 mortos no interior do Rio Grande do Sul

Na Globo, a cobertura começou no Esporte Espetacular. Glenda Kozlowski abriu a edição informando sobre os então 90 mortos confirmados na boate KissAo longo do EE, os números foram aumentando de forma assustadora. Apesar de ter seguido com o nome esportivo, o programa derrubou as pautas e ocupou também o espaço que seria de Aventuras do Didi, resultando em uma das mais longas edições já realizadas na sua existência. Com as primeiras informações ainda desencontradas e uma dupla sem hábito no hard news, a Globo conseguiu se destacar por sua afiliada possuir uma base em Santa Maria, o que possibilitou de forma rápida o envio das primeiras imagens e a realização dos primeiros links.

A cobertura global prosseguiu em edições extraordinárias do Globo Notícia ao longo dos breaks do Esquenta e da Temperatura Máxima comandados por Renata Ceribelli. A apresentadora do Fantástico precisou até constar que o programa de Regina Casé havia sido gravado anteriormente, por isso destoava do clima do dia.

Durante o futebol, todos os campeonatos estaduais respeitaram 1 minuto de silêncio antes dos jogos e muitos clubes entraram em campo com detalhes pretos nas camisas, mesmo procedimento feito pela Seleção de futebol de areia. Eventos que seriam realizados como comemoração pelos 500 dias restantes para Copa do Mundo foram cancelados por causa dos 3 dias de luto nacional decretados pela presidente Dilma (são 7 no RS e 30 em Santa Maria). No Rio Grande do Sul, a rodada do Campeonato Gaúcho foi suspensa e a RBS seguiu o horário com a cobertura que vinha realizando desde o final do Esporte Espetacular, voltando a se juntar com  a rede apenas no horário do Domingão do Faustão, que excepcionalmente começou em silêncio e abordou os acontecimentos em Santa Maria durante boa parte da exibição.


O Fantástico prosseguiu a cobertura, derrubando muitas das pautas anunciadas ao longo da semana. O dominical contou com as participações de José Roberto Burnier e César Menezes, enviados de São Paulo para Santa Maria para auxiliarem na cobertura. Inclusive, Burnier foi o primeiro repórter a entrar nos destroços da boate Kiss, como o jornalismo global mostrou com exclusividade.

Em dia de manutenção na rede nacional, o Rio Grande do Sul excepcionalmente seguiu o sinal de São Paulo para seguir tendo boletins locais durante a madrugada.

E a cobertura não ficou restrita aos domínios globais. Sem exceções, a TV aberta se mobilizou na repercussão da pior tragédia já vivida no RS. Algumas com maior destaque, outras de forma quase amadora, como foi o caso da Record. Com Reinaldo Gottino comandando a transmissão de São Paulo com o auxílio dos apresentadores gaúchos. Sem estrutura em Santa Maria, o Plantão se baseou apenas em narrar imagens que eram reprisadas de forma exaustiva.

Outro fato curioso é que o Programa do Gugu começou a levar ao ar o quadro Quer Viajar Comigo?, posteriormente o interrompeu para atualização das notícias e o apresentador simplesmente preferiu o encerrar sem desfecho. E não havia chegado nenhuma grande novidade em relação ao que era conhecido quando começou a exibição do quadro.

Domingo Espetacular também frustrou quem buscava mais informações sobre o ocorrido. A cobertura reunia assuntos que renderam matérias inteiras no concorrente Fantástico como meros detalhes em seus VTs. O espaço dedicado também foi pequeno para dimensão da tragédia. Não é por acaso que o programa marcou um de seus menores índices em todos os tempos, apesar da vice-liderança ter sido mantida, auxiliado pelas reprises do Pânico na Band e do Programa Silvio Santos.

A Record News mostrou mais boa vontade em se aprofundar no tema, mas as limitações técnicas atrapalharam os planos da emissora UHF. O primeiro boletim foi ao ar apenas com a narração da apresentadora Lidiane Shayuri e o logo do Alerta News na tela. Ao longo do dia, o canal chegou a levar ao ar imagens da Globo News (a "RN" retransmitiu o sinal da CNN, que utilizava as imagens da Globo News. Sim, eles recorreram a uma rede internacional para exibição de um fato ocorrido no Brasil).

Em meio aos deslizes no grupo Record, o SBT surpreendentemente teve uma cobertura digna de elogios. Todo o Domingo Legal foi dedicado ao assunto e até mesmo o programa Eliana, sempre exibido gravado, foi realizado excepcionalmente ao vivo em partes para se aprofundar no tema. Tanto Eliana quanto Celso Portiolli foram auxiliados por Marcelo Torres, que estava no estúdio dos boletins dos telejornais da emissora e pela base gaúcha do SBT. O canal ainda levou ao ar um plantão especial, também comandado por Marcelo Torres, entre o Programa Silvio Santos e o De Frente com Gabi.

Se Marcelo Torres foi o nome do dia no SBT, a Band dosou sua transmissão entre José Luiz Datena e Fábio Pannunzio. Esse comandou os boletins noturnos que antecederam e sucederam o Pânico na Band, enquanto o comandante do Brasil Urgente fez a transmissão inicial, que derrubou boa parte das pautas do Band Esporte Clube. A primeira informação levada ao ar na Band foi em conjunto com a Band News, numa tática já adotada na cobertura da morte do terrorista Osama Bin Laden. Essa estratégia permitiu que a rede fosse o segundo canal aberto a noticiar o tema. Dentre todos, a informação surgiu primeiramente na Globo News. O canal enviou os repórteres Márcio Campos e Eleonora Paschoal para Santa Maria.


E até mesmo a Rede TV informou seu (pequeno) público sobre o dia de horror em Santa Maria. Plantões do Rede TV News foram exibidos durante o dia e uma edição especial do telejornal foi comandada por Luciano Júnior a partir das 21h30. O canal paulista contou com o auxílio da TV Pampa, que possui base na cidade gaúcha, para realização da transmissão.

O expediente da Rede TV foi similar ao da TV Brasil. O canal público levou boletins ao ar em seus breaks e contou com uma edição extra do Repórter Brasil levada ao ar a partir das 18h.

Os detalhes sobre o incêndio na danceteria elevaram a audiência da TV aberta em 15%, segundo o colunista Daniel Castro.

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